01/05/2021 às 17h17 - atualizada em 03/05/2021 às 10h58
Felipe Farias
Maceió / AL
Um homem de 55 anos foi morto a pauladas e pedradas pela vizinhança, acusado de abusar sexualmente da filha, de 5 anos. A polícia foi acionada, bem como equipes do SAMU, mas, ao chegar, o autônomo Jarbas Ferreira da Silva já estava morto. Seu corpo ficou estendido em frente ao local onde mora, no Residencial Vale do Tocantins, na localidade de Rio Novo.
A criança foi acolhida pela Rede de Atenção às Vítimas de Violência Sexual (RAVVS), que fica no Hospital da Mulher. O atendimento inclui acompanhamento de profissionais de diferentes áreas, em especial, para garantir o apoio psicológico.
Só então é que seria realizado o procedimento por ginecobstetra, para apurar se houve a violência sexual. Mas, de acordo com o que o ACTA apurou, o crime teria sido cometido há mais de 72 horas.
O caso acontece no primeiro dia do mês que marca as ações para combater a violência sexual contra crianças e adolescentes. A data dedicada ao tema é o próximo dia 18, por ser a do assassinato de Araceli Cabrera Sánchez Crespo, em Vitória (ES), em 1973.
Seu corpo foi achado seis dias depois, desfigurado por ácido e com marcas de abuso. A criança teria raptada, drogada e abusada, antes de ser morta. O crime teve grande repercussão por envolver pessoas influentes da sociedade capixaba, na época. Acabou sendo arquivado e até hoje permanece um mistério.
Referências
O crime de Rio Novo aconteceu no meio da manhã deste sábado (1º), quando se deu a convulsão na comunidade, provocada pelo linchamento. A Polícia Militar foi chamada e acionou o SAMU, mas, ao chegar, a equipe de socorristas já encontrou o corpo de Jarbas sem vida.
De acordo com a conselheira tutelar Ivanise Batista dos Santos, a instituição foi acionada por envolver uma suspeita de abuso sexual contra criança. Mas, segundo ela, ao chegar ao local, o clima não era de tumulto. As apurações feitas pelo Conselho apontam que a criança vivia só com o pai. “Ainda estamos à procura de informações sobre a mãe. Soubemos da existência de um primo. Estamos atrás de todas essas informações”, disse.
Segundo ela, a situação mostra um quadro de desagregação familiar. A criança foi levada com a conselheira e demais pessoas para a Central de Flagrantes, onde foi lavrado o boletim de ocorrência e realizados os procedimentos para que fosse encaminhada aos cuidados do RAVVS.
Caso as autoridades não consigam localizar parentes, a criança será encaminhada para um abrigo. Até o fim da tarde, ela não sabia da morte do pai.
O ACTA procurou a coordenadora da RAVVS: “Sempre que se tem uma violência sexual contra uma criança é um retrocesso de toda a sociedade”, explicou Camille Wanderley.
Segundo ela, de acordo com os protocolos adotados na RAVVS, as famílias recebem todo o acompanhamento multidisciplinar e mesmo depois que deixavam a chamada área Lilás, dedicada ao primeiro atendimento nesse tipo de caso, recebem orientação.
“As famílias recebem uma cartilha, com todas as orientações, até do ponto de vista policial e jurídico. Para que saibam o que vai acontecer, o que terão de fazer a partir de então, como terão que comparecer perante uma autoridade judicial, se terão que ir de novo à polícia. Tudo isso”.
Ela confirmou estar acompanhando o caso, mesmo não presencialmente. “Geralmente são casos recorrentes; é o que chamamos de casos agudos”, disse, referindo-se à possibilidade de a violência que motivou seu linchamento não ter sido a primeira cometida por Jarbas contra a filha.
E demonstrou a tristeza pelo mês de combate ao problema começar de modo tão trágico. “Aliás, o ano começou de modo trágico. Em janeiro eu recebi um bebê de um ano e oito meses vítima de violência sexual”, disse.
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