27/11/2022 às 22h04 - atualizada em 27/11/2022 às 22h18
Felipe Farias
Maceió / AL
Mais uma bomba caseira encontrada em Maceió – a quarta este mês, depois da do Centro, a do HGE e a do galpão da Sefaz –, conforme noticia o portal ACTA, neste domingo (27).
Bolsonaristas convocando atiradores para impedir a diplomação do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
Atirador no Espírito Santo matando em escolas, como acontece nos Estados Unidos.
E agressor de Gilberto Gil – Renier Felipe dos Santos – dirigindo palavrões com tal voracidade que parece usar uma arma.
Atitude contestável não porque seja contra o artista, mas, porque foi contra um senhor de 80 anos.
O que têm as atitudes entre si?
São terrorismo.
E mais: o que teriam essas com as ditas manifestações em frente a unidades militares?
São terrorismo também, já que visam desestabilizar uma sociedade inteira, lançar medo e fruto de uma conspiração – como sinalizam a organização que detêm.
E que não se trata de manifestações. Algo consagrado na Constituição e um dos pilares de uma democracia. Porque, se há uma coisa que sustenta uma democracia é a liberdade para se manifestar.
Mas, desde que com responsabilidade.
E externar sua raiva chamando um senhor de 80 pelas palavras com que Renier Felipe chamou Gil, convocar atiradores para impedir o presidente eleito de ser diplomado e espalhar bombas por aí não são formas dignas de exercer o direito à manifestação.
E com o todo o respeito à dor das famílias de vítimas de Aracruz (ES) e à memória dos que se foram, da mesma forma como não é fazendo o que o fez o assassino de Selena Sagrillo e das professoras Cybele Passos e Maria da Penha.
Como também não estão sendo as concentrações que vão se mantendo sob o olhar compassivo – quase mais que isso – das autoridades, de governo e polícias ao Ministério Público.
É preciso que se dê o nome aos bois – com perdão do trocadilho.
Apesar do que têm de bizarro, imbecis, risíveis e toscos, lunáticos e motivos para infindáveis piadas, têm de ser tratados pelo nome: bando, desocupados, arruaceiros e golpistas, que sequestraram um símbolo nacional, para o brasileiro, e uma identidade da alegria e de um dom do brasileiro – para os estrangeiros.
Sim, porque a forma como se apoderam da bandeira e da camisa da seleção não foi outra coisa que não uma usurpação.
Que o digam os iranianos, afegãos, norte-coreanos, chineses e cubanos.
Pelo que exigem – porque isso não é reivindicar –, daqui a pouco poderemos estar vivendo situações como a retratada pelo jornal estadunidense The York Times: o governo iraniano está usando ambulâncias para infiltrar agentes de forças policiais entre os manifestantes, que reivindicam – estes, sim, reivindicam; porque pedem algo digno – liberdade, após o episódio da morte de Mahsa Amini, sob custódia de autoridades, em setembro.
Para quem não sabe, perverter o uso desses veículos contraria normas internacionais.
Pois, se têm a série de privilégios que detêm no ambiente em que estão, o trânsito, é porque desempenham uma função que nenhum outro possui – uma missão, mesmo: salvar vidas.
Afinal, como se diz: pedir ditadura em democracia é fácil; agora, vai pedir democracia em ditadura.
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